Sobre
a Fidelidade
O melhor
guia, para a fidelidade, é a nossa intuição, se a
soubermos aceitar como orientadora do percurso e
olhar para os nossos relacionamentos livre de convenções,
já que apenas assim poderemos seguir o fiel da balança que
temos dentro de nós.
Segundo
Daphne Rose Kingma, psicoterapeuta americana, autora do livro "O
Futuro do Amor" é através de divórcios, das
infidelidades, das relações umas após as outras,
de doenças e outros desafios, que nos é mostrado para onde
estamos verdadeiramente destinados a ir. Seja a relação
sólida que é posta à prova, ou sejam as várias
relações que nunca imaginamos vir a ter, elas são
passos, do nosso desenvolvimento espiritual, que permite ter acesso ao
verdadeiro amor, livre de formatos e condições.
Apenas queremos
o que desejamos e não queremos aquilo que precisamos.
É preciso ir além das necessidades pessoais para haver essa
magia que muitos designam por estado de transcendência ou de graça,
que algumas pessoas experimentam numa relação fiel quando
se comunicam para lá das palavras e numa dimensão espiritual.
A forma
como o desenvolvimento espiritual pode transformar relacionamentos e sentimentos
superficiais em experiências profundas enriquecedoras é revelada
por Jacques Salomé, autor do livro" A Coragem de Ser Autêntico"
e diz que para tal " basta sermos fiéis , acima de tudo, a
nós próprios".
As formas
de estar bem consigo mesmo, passam por focarmos as nossas "zonas
sombra" (sofrimento, perdas), ainda que essa opção
implique, por vezes, a renúncia a laços estabelecidos no
passado. O reconhecimento do que sentimos ser, para nós, a verdade
por mais dura que seja, não põe em causa o que se viveu,
apenas permite ver quando é preciso mudar o rumo.
Ao sair-se
de uma relação que já não é boa para
nós, na minhas aspirações mais profundas, respeito-me
por isso. A psique e o corpo agradecem e resolvidos os conflitos interiores,
leva-se uma vida mais saudável, sem sintomas físicos e psicológicos.
Ultrapassar
a perda é uma condição para o aperfeiçoamento
pessoal, nesta busca de quem somos.
Soneto
de Fidelidade
Vinicius
de Moraes
De
tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante meu pensamento.
Quero
vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao se pesar ou seu contentamento.
E,
assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu
possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.