Psicologia e alimentação

 

 

A influência que a toma de um pequeno-almoço saudável tem a nível psicológico não pode ser descurada.
A população, em geral, está pouco informada sobre a relação entre os benefícios do pequeno-almoço e as alterações psicológicas.

Poucas pessoas têm conhecimento que o hábito de tomar um bom pequeno-almoço traz inúmeras vantagens, não só na prevenção da saúde e no combate de problemas de saúde, bem como no controlo de alguns distúrbios psíquicos.

Segundo diversos estudos realizados na Califórnia, os sintomas de depressão podem diminuir através do aumento de suplementos alimentares e alterações na dieta. Indivíduos que raramente tomam pequeno-almoço e passam a tomar, melhoram sensivelmente o nível de ansiedade e depressão, tornando-se também menos hiperativos.

Outros estudos sugerem que omitir o pequeno-almoço interfere com a cognição, aprendizagem e capacidade de concentração. Este efeito é mais relevante em crianças mal nutridas do que em crianças bem nutridas.

Sugerem também que um pequeno-almoço completo ajuda a proteger contra a depressão e ansiedade, independentemente do rendimento familiar, do peso corporal e da quantidade de exercício físico praticado.

Os adolescentes que não tomam pequeno-almoço por estarem preocupados com o peso, apresentam maior ansiedade e têm tendência para engordar mais do que os adolescentes que tomam um pequeno-almoço completo e regular.
Ao pular o pequeno-almoço há um aumento da ansiedade provocada pela privação: após muitas horas de jejum, podem surgir episódios de bulimia ou de aumento da ingestão de alimentos, por vezes pouco saudáveis, fator que pode se manter ao longo de todo o dia.

Os adolescentes que não tomam pequeno-almoço podem apresentar baixo rendimento escolar, diminuição da função cognitiva e da capacidade de concentração e ainda distúrbios de comportamento alimentar.

Por outro lado, os adolescentes que mantêm uma alimentação regular, mesmo que seja apenas de cereais com leite, sentem-se mais bem-dispostos e executam um maior número de atividades, eliminando mais calorias ao longo do dia. De acordo com os cientistas, a alimentação matinal deve ser mantida regularmente, independente da faixa etária.

O cérebro, ao perceber que o organismo está sem energia armazenada, dá-nos indicação para ingerirmos alimentos e diminui o metabolismo no sentido de conservar energia. Normalmente é nesta altura que ingerimos alimentos calóricos, o que resulta num efeito contrário ao desejado.

Na prática clínica verificamos que as pessoas que costumam ter ataques de ansiedade sistemáticos são pessoas que ao acordar de manhã sentem muito medo de iniciar um novo dia. No entanto, após tomarem um pequeno-almoço correcto durante mais ou menos dez dias, estas pessoas passam a sentir um equilíbrio psíquico melhor ao nível de humor e conseguem encarar o dia com boa disposição e bem-estar, comparável ao acordar de um bebé, quando reflete no olhar um sentimento de poder, de confiança e de alegria.

A primeira refeição do dia é importante e pode alterar de forma positiva as funções mentais, que estão relacionadas, não só com afetos mas também, com alimentação consumida.

Durante o sono, o organismo utiliza energia para manter as funções biológicas básicas, como o controlo do ritmo cardíaco, a respiração ou o equilíbrio térmico do corpo. Por isso, após uma noite de jejum há necessidade de repor a energia. É importante reabastecermos a energia na primeira refeição do dia, que deve incluir 25% do total de calorias ingeridas ao longo do dia.

A maneira mais saudável de começar o dia é tomar um bom pequeno-almoço que além de repor as energias e regula o apetite, regula o humor e aumenta o poder de concentração.

Se pensarmos num pequeno-almoço, composto por cereais, laticínios e frutas, estamos a fornecer cálcio, vitamina D, ferro e vitamina B, substâncias que estimulam os neurotransmissores, que são os mensageiros químicos que favorecem a comunicação entre as células do sistema nervoso e que são responsáveis pelo comportamento e pelas variações do humor.

Um pequeno-almoço completo ajuda a manter os níveis de insulina e cortisona equilibrados. As flutuações nos níveis destas hormonas contribuem para o aumento da depressão e para elevar os níveis de serotonina, sendo que baixos níveis deste neurotransmissor causam desordem do humor, podendo levar à depressão.

Tomar o pequeno-almoço em família, com os filhos é um hábito que favorece a harmonia, diminui a tensão familiar e reduz a possibilidade de surgirem comportamentos alimentares problemáticos, tais como bulimia, anorexia e compulsão alimentar.

O pequeno-almoço é provavelmente a referência que mais evoca memórias afetivas, mas isto não significa termos que comer o mesmo que comíamos na nossa infância. Com o mudar dos tempos e com os novos conhecimentos, há necessidade de mudarmos os hábitos para uma alimentação cada vez mais saudável que segundo os atuais estudos seria composta de laticínios, frutas e cereais.

Assim como devemos fazer um bom aquecimento antes de iniciarmos a prática de exercício físico, o pequeno-almoço é imprescindível para começar bem o dia.

Concluindo: uma boa alimentação ao iniciar o dia traz inúmeras vantagens a nível psicológico, não só no combate à obesidade, mas ao introduzir elementos importantes no nosso organismo pode ser um coadjuvante eficaz na prevenção e tratamento da depressão, já que regula o humor, diminui o stress, a ansiedade, melhora sensivelmente a cognição, a capacidade de concentração, a aprendizagem, a hiperactividade, diminui o medo de enfrentar o dia e a saúde mental em geral.
Compreender o comportamento alimentar é um passo importante para o desenvolvimento de estratégias de prevenção.

Estar consciente que o pequeno-almoço é a principal refeição do dia, é a proposta para começar o dia com maior energia e boa disposição física, psicológica e emocional.

 

 

Mariagrazia Marini Luwisch
Psicóloga clínica Psicoterapeuta

 

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