Psicologia
da Paixão
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Maracujá
Flor da Paixão
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Definição:
Paixão: do latim passione = sofrimento, sentimento excessivo;
amor ardente; afecto violento; entusiasmo, cólera, grande
mágoa; vício dominador; alucinação;
sofrimento intenso e prolongado; parcialidade; o martírio
de Cristo ou dos Santos martirizados; parte do Evangelho em que
se narra a paixão de Cristo; colorido; expressão viva,
em literatura. Cada uma das emoções como admiração,
amor,ódio, dor, pena, medo, alegria ou todas elas juntas;
o objeto de forte desejo ou de carinho profundo.
Paixão,
palavra de origem Grega derivada de paschein, padecer uma
determinada acção ou efeito de algum evento. É
algo que acontece à pessoa independente de sua vontade ou
mesmo contra ela. De paschein deriva pathos e patologia.
Pathos designa tanto emoção como sofrimento
e doença. As paixões, entendidas como emoções,
mobilizam a pessoa impondo-se à sua vontade e à sua
razão.
É
uma vivência complexa de ligação a um determinado
objecto e objectivo, que mobilizam a pessoa de uma maneira intensa,
que geralmente é prolongada, podendo ser duradoura mas raramente
perene.
Frases:
Nada
existe de grandioso sem paixão. (Hegel)
As
paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos
navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar,
mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras
nem novas descobertas. (Voltaire)
A
duração da paixão é proporcional à
resistência original da mulher. (Honoré de Balzac,
"The Physiology of Marriage" 1829 )
Não
há diferença entre um sábio e um tolo quando
estão apaixonados. (George Bernard Shaw)
Que
não seja imortal (posto que é chama) mas que seja
infinito enquanto dure. (Vinícius de Moraes)
Quando
alguém está apaixonado, começa por enganar-se
a si mesmo e acaba por enganar os outros. É o que o mundo
chama romance. (Oscar Wilde)
O
distanciamento é bom conselheiro. O fogo da paixão
diminui e nos permite aproximar mais do eu interior. (Léa
Waider)
Quem
domina suas paixões é escravo da razão. (Cyril
Connolly)
Quem
se apaixona por si mesmo não tem rivais. (Benjamim Franklin)
Apaixonado
nunca é feliz; a felicidade é o preço da audácia.
(Lope de Vega)
As
paixões humanas, como as formas da natureza, são eternas.
(León Bourgeois)
Se resistimos às nossas paixões, é mais pela
fraqueza delas que pela nossa força. (La Rochefoucauld)
"Na
sua primeira paixão a mulher ama seu amante; em todas as
outras ela só ama o amor". (Byron, Don Juan)
O
que é a paixão?
Um
sentimento muito especial. Contraditório, eterno enquanto
dure, forte e frágil.
A paixão simplesmente acontece! E nos deixa vulneráveis
e indefesos.
Os
cientistas a descrevem como uma descarga bioquímica que transporta
no interior de nosso ser um misto de adrenalina e outras substâncias
secretas, que produzem uma confusão inebriante e nos deixa
embriagados de amor.
Sentimos
uma sensação maravilhosa, a felicidade fica explícita
e nos transpõe, o mundo se transforma num colorido especial
e tudo parece possível e alcançável.
As
variáveis são enormes, possibilitando ainda alusão
a caprichos do inconsciente, que buscam na paixão a realização
de um desejo não realizado, uma situação desconhecida,
evocada num passado distante e, muitas vezes, negado, não
importando como, o sentimento é único.
Com
aspectos positivos como durante o torpor da visão de um mundo
maravilhoso, a sensação de felicidade nos invade e
parece realmente não ter fim.
Se
for a pessoa que fará de sua vida um sonho, é como
tirar a sorte grande, buscando a intimidade ideal no desabrochar
do verdadeiro amor.
Os
aspectos negativos aparecem quando, ao findar da mágica,
só resta a sensação de um sentimento que não
se renova, no momento que temos a exata medida do resultado zero
e da verdade do amor cego, que era muito bonito, mas que, quando
se torna real, não consegue vislumbrar nenhum atrativo.
A
recuperação muitas vezes, é uma das mais perversas
e pode necessitar até de acompanhamento psicológico
para salvar o que ficou.
O
amor se transforma e precisa de cuidados para que o sentimento seja
sempre resgatado e possa manter o relacionamento como uma síntese
de desejo e afeição.
A
paixão, ao contrário do amor, dura intensamente por
um tempo muito curto e a estabilização no amor acontece
na medida em que os amantes passam a ter uma visão real da
verdade do outro.
A
maturidade do envolvimento afetivo consegue suportar a frustração
de não conseguir ver no outro aquela perfeição
ambulante.
A
dificuldade a ser superada se dá quando este sentimento não
consegue se reorganizar e o ajuste de um novo relacionamento terá
que contar com a realidade mascarada.
Todos
nós queremos viver um grande amor e com uma paixão
ainda melhor, nem que seja uma única vez..
Valiosos
os relacionamentos que, de uma grande paixão, vão
caminhando, lentamente se solidificando, sem a dimensão conquista
e nem sentimento furacão, mas sólidos e intensos,
que como diluindo a paixão a tornam eterna.
Amor
e Paixão
Amor
e paixão são sentimentos diferentes se definirmos
amor como um interesse sincero por uma outra pessoa e paixão
como um forte desejo que pretendemos satisfazer.
O
amor autêntico dirige-se à outra pessoa. Se necessário,
estamos disponíveis a sacrificar o nosso bem estar para fazer
com que o outro seja mais feliz. Enquanto que a paixão pode
ser simplesmente uma satisfação egoísta. Portanto
se o que uma pessoa sente é paixão, não deve
esperar amor em contrapartida.
Ama
alguém? Disse a ele a intensidade dos seus sentimentos? Ficaria
desiludido se não fosse retribuído?
Quanto
do que sente é verdadeiro amor e quanto é a grande
satisfação de suas necessidades internas por parte
da outra pessoa?
Está
bem estar carentes, está bem sentir paixão intensa:
o importante é não confundir esses dois sentimentos
com amor.
O
Destino da Paixão
As
paixões não são eternas. Seu destino habitual,
quando a relação persiste no tempo e cresce, é
transformar-se em amor. Dizemos que ocorre uma sublimação.
Sublimar significa retirar o prazer sexual de uma acção
e transformá-la em uma actividade que também produz
prazer, mas de outro tipo. A paixão é privada, se
perturba ao socializar-se e converte-se em amor. A paixão
não dorme, consome, desgasta, ocupa integralmente espaço
e tempo, que sempre é curto para desenvolver os projectos
que os amantes inventam. É uma viagem onde a pergunta, reiterada
infinitas vezes, é se os amantes se amam de verdade e se
positivamente são um para o outro. A paixão é
quase uma doença e sem dúvida a mais deliciosa de
todas mas, por sua enorme exigência tende a diminuir por esgotamento.
Em condições normais, uma porção de
paixão se conserva intacta e produz felizes noites de prazer;
outra porção se transforma em amor que assegura que
os dias sejam felizes. Em circunstâncias lamentáveis
a paixão não se sustenta e a sublimação
não se realiza, havendo repressão dessa energia, provocando
efeitos desagradáveis tais como obesidade, sono ou letargia.
Muitos casamentos estão assim e deles diremos "foram
infelizes para sempre". Outros que conseguiram a proeza de
fazer sobreviver paixão e amor em doses adequadas, serão
aqueles que demonstram que felicidade e matrimónio podem
conviver, "felizes para sempre".
Eros
É
a paixão romântica dos poetas. Envolve forte atracção
física e desejo sexual. Acontece de repente e pode terminar
de modo abrupto. O apaixonado não consegue controlar esse
sentimento, intenso e irracional - gasta no mínimo, 4 horas
por dia pensando no ser amado, segundo uma pesquisa feita neste
ano na Itália. Quem experimenta essa sensação
inebriante não mede consequências. Só uma coisa
importa : ser correspondido. Esse é o amor presente em nove
entre dez filmes de Hollywood. Um exemplo é o O Paciente
Inglês (1996), que retracta a trágica paixão
de um cartógrafo húngaro (Ralph Fiennes) pela bela
esposa (Kristin Thomas) de um explorador inglês, à
véspera da II Guerra Mundial.
O Paciente Inglês, a história de uma paixão
arrebatadora
Ágape
Em
grego, significa altruísmo, generosidade. A dedicação
ao outro vem sempre antes do próprio interesse. Quem pratica
esse estilo de amor entrega-se totalmente à relação
a não se importa em abrir mão de certas vontades para
a satisfação do ser amado. Investe constantemente
no relacionamento, mesmo sem ser correspondido. Sente-se bem quando
o outro demostra alegria. No Limite, é capaz até mesmo
de renunciar ao parceiro se acreditar que ele pode ser mais feliz
com outra pessoa. Um exemplo de Ágape no cinema é
a personagem Teresa (Juliette Binoche) em A Insustentável
Leveza do Ser (1987), adaptação do livro de Milan
Kundera. Por amor , ela suporta a infidelidade do namorado, Thomas
(daniel Day - Lewis), um Ludos incorrigível.
A Insustentável Leveza do Ser retracta o amor incondicional
Mania
Quem
já experimentou uma ligação amorosa do tipo
montanha - russa, um dia nas nuvens e outro no fundo do poço,
conhece o estilo Mania . É a paixão obsessiva e ciumenta.
O indivíduo sempre acha que não é amado tanto
quanto ama. requer provas de amor inesgotáveis e é
capaz de loucuras para chamar a atenção do ser amado.
Tem tanto medo do abandono que o parceiro acaba indo embora de verdade.
"Mania é o lado escuro de Eros" , define a Psicóloga
Americana Irene Frieze, da Universidade de Pittsburgh. O personagem
que melhor o representa é Otelo, que na peça homónima
de Shakespeare mata sua mulher numa crise de ciúmes. A melhor
versão dessa peça no cinema foi estrelada por Laurence
Olivier (1965)
Otelo , de Shakespeare, mergulha fundo no Inferno do Ciúmes
Ludos
Em
Ludos, o amor é uma brincadeira que muitas vezes se limita
a uma única noite. O desafio da conquista é mais atraente
do que a pessoa que se tenta seduzir. O conquistador evita os compromissos.
Pode cultivar mais de uma relação ao mesmo tempo .
Mesmo quando a ligação é duradoura , ele busca
encontros fugazes durante o período. Se você gosta
de sexo mais nunca se apaixonou , ou se tem uma paixão nova
a cada duas semanas, seu tipo pode ser Ludos. No filme Ligações
Perigosas (1988), o Visconde de Valmont (John malkovich) leva esse
estilo a extremos quando seduz a ingénua Madama de Tourvel
(Michelle Pfeiffer) , uma mulher casada que acredita na santidade
do matrimónio, só para provar seus dotes de Don-Juan.
Ligações Perigosas revela o jogo da sedução
Storge
Certos
romances começam de uma maneira tão gradual que os
parceiros nem sabem dizer quando. Histórias assim se enquadram
no estilo Storge, nome da divindade grega da amizade. A atracção
física não é o principal. Nada de noites incandescentes.
O que conta é a confiança mútua e os valores
compartilhados . Os românticos desprezam esse tipo de ligação.
Mesmo assim , nas pesquisas os amantes do tipo storge revelam satisfação
com a vida afectiva. Um exemplo de amor - amizade é o clássico
Uma Rajada de Balas (1968), que conta a história verídica
de um casal de gangsters, Bonnie Parker (Faye Dunaway) e Clyde Barrow
(Warren beatty) , nos Estados Unidos na década de 30. Detalhe
: Clyde sofria de impotência sexual.
Uma Rajada de Balas mostra o amor - amizade
Pragma
Como
diz o nome, é o estilo de quem prioriza o lado prático
das coisas . O indivíduo avalia todas as possíveis
implicações antes de embarcar num romance . Se o namoro
apresenta ter futuro, ele investe. Se não , desiste. Cultiva
uma lista de pré - requisitos para o parceiro ou parceira
ideal e pondera muito antes de se comprometer. procura um bom pai
ou uma boa mãe para os filhos e leva em conta o conforto
material, está sempre cheio de perguntas. O que será
que a minha família vai achar? Se eu me casar, como estarei
daqui a cinco anos? No filme O Casamento do Meu Melhor Amigo (1998),
Michael (Dermot Mulroney) ama Julianne (Julia Roberts), mas decide
se casar com a Kimmy (Cameron Diaz), filha do milionário.
O Casamento do Meu Melhor Amigo, o interesse fala mais alto
Perturbação
Carlos
Drummond de Andrade
Quando
estou, quando estou apaixonado
Tão
fora de mim eu vivo
Que
nem sei se estou vivo ou morto
Quando
estou apaixonado.
Não
pode a fera comigo
Quando
estou, quando estou apaixonado,
Mas
me derrota a formiga
Se
é que estou apaixonado
Estarei
quem, e entende, apaixonado
Neste
arco de danação?
Ou
é a morta paixão
Que
me deixa, que me deixa neste estado?