Calvície

 

A história da luta contra a calvície é longa. As primeiras receitas para acabar com a queda de cabelos vêm do Antigo Egipto e datam de 1550 antes de Cristo. Desde então, já se tentou de tudo: desde dente de asno triturado em óleo a rituais de exorcismo. "Quem é calvo por natureza em tempo nenhum recupera o cabelo", sentenciou o dramaturgo William Shakespeare, em A Comédia dos Erros, no fim do século XVI. A constatação do bardo inglês, fruto de sua própria experiência como careca, ainda resiste.

A estreita relação entre testosterona e calvície faz da devastação capilar um tormento predominantemente masculino. Aos 50 anos, metade dos homens apresenta algum grau de calvície. Em geral, a queda mais acentuada começa no final da adolescência e se estende até os 30 anos. Nessa época, a produção de testosterona está a mil. Se se começar a usar remédios nesse período, as chances de sucesso são maiores, porque, mesmo funcionando de forma precária, os folículos pilosos ainda estão vivos. Depois dessa fase, o tempo trabalha a favor: a partir dos 30 anos a velocidade da queda tende a diminuir. Os folículos salvos na juventude podem, então, garantir alguma cabeleira no futuro.

A calvície não é prazerosa por representar um todo muito visível de uma parte do processo de envelhecimento. Para alguns homens, parece sinalizar o começo do fim. A alopecia androgenética ou masculina - afecta algo em torno de 33 milhões de homens somente nos Estados Unidos da América e embora se gaste em torno de 1.5 bilhões de dólares por ano na tentativa de retardar a calvície, os melhores tratamentos são apenas moderadamente efectivos. Felizmente a perda de cabelos não é um sinal de falta de saúde ou de impotência. É somente um efeito secundário da masculinidade.

O couro cabeludo do homem está coberto por 100.000 de folículos que passam continuamente por ciclos de crescimento, descanso e morte. Normalmente o couro cabeludo perde 100 fios de cabelos por dia e nascem outros 100 novos. Mas o hormónio sexual testosterona pode modificar esse ciclo e mesmo a sua dinâmica. A testosterona na forma de DHT ou dehydrotestosterona, estimula o crescimento pilífero na face e no corpo. Mas nos homens que possuem um certo tipo de gene comum, o mesmo hormónio gradualmente desfolha o couro cabeludo com a idade, causando o crescimento de cabelos mais finos, mesmo quando nas orelhas, nariz e ombros estejam a nascer pelos mais abundantes.

Alguns homens voltam-se para a cirurgia estética e transplantes de cabelos para reverter a situação, outros para perucas e topetes. Mas a solução está numa pílula ou loção que restaure o crescimento natural.

Em 1889, a Food and Drug Administration desactivou muitos produtos para a calvície. Somente dois medicamento: Minoxidil (Rogaine) e Finasteride (Propecia) permaneceram. Embora ambos possam ajudar, nenhum é milagroso e ambos são caros.

O Minoxidil é vendido em forma de pílulas como tratamento da pressão alta. Quando aplicado topicamente através de uma solução capilar o Rogaine, pode prolongar a fase de crescimento dos filículos. Infelizmente o produto só actua nos folículos que ainda estejam activos e quando usado regularmente.
O Rogaine é mais efectivo para a calvície em zonas determinadas do que para aqueles que perdem os cabelos na linha dos cabelos, mas mesmo nesses casos os benefícios são normalmente modestos.

Em um estudo feito somente 36% dos homens que usaram o produto durante vários anos acharam que valeu a pena.

Finasteride é o ingrediente activo do Proscar, um medicamento oral que ajuda na diminuição do aumento da próstata por redução do DHT. Propecia é simplesmente uma formula de baixa dosagem da mesma droga (1mg em vez de 5). Vários estudos concluíram que pode ajudar a aliviar a calvície, mas ninguém pode-lhe chamar de cura.
Com Propecia houve uma média de crescimento de 876 fios de cabelos em um círculo de uma polegada de calvície enquanto que os que tomaram placebo tiveram um crescimento de 769 fios. Em um outro estudo, 50% dos homens que tomaram Propecia e 30% dos que tomaram placebo, acharam que a sua aparência havia melhorado. Tal como o Rogaine, o Propecia requer um uso continuo e não ajudam homens já calvos. Geralmente não há contra-indicações embora 1% a 2% dos homens tivessem um diminuição da libido e da potência sexual, que reverteu-se com a suspensão do produto.

Medicamente não há necessidade para o tratamento da calvície masculina, portanto pensem bem antes de iniciar qualquer tratamento, olhem-se no espelho e avaliem o "charme" da vossa calvície.

(Adaptação da Revista Newsweek, June 16, 2003 e Revista Veja 25 de Junho de 2003)

 

Problemas de Calvície

 


Há 3 500 anos o homem luta contra a queda de cabelo – sem muito sucesso

1550 a.C.
Um papiro famoso mostra que os egípcios tentavam fazer crescer cabelo com uma mistura de mel, cebola, óxido de ferro, chumbo, alabastro e gordura de animais como cobras, crocodilos e leões. Antes de engolirem a beberagem, faziam um ritual de celebração ao Sol

420 a.C.
O grego Hipócrates, pai da medicina, receitava massagem do couro cabeludo com um composto de ópio, rábano, fezes de pombo, beterraba e especiarias. Pelo menos com ele não deu certo – chegou ao fim da vida completamente calvo

SÉCULO XVII
Para camuflar a calvície cada vez mais evidente, o rei francês Luís XIII passou a usar peruca. A corte o imitou, as perucas se tornaram um símbolo do poder e ficaram cada vez maiores. Anos depois, retornando de seu exílio na França, o rei Charles II da Inglaterra levou a moda para a corte inglesa

1800
Tem início a febre dos óleos milagrosos vendidos por ambulantes, como se vê nos filmes de caubói. O de maior sucesso foi inventado por Alexander Barry, fabricante de perucas de Nova York. Seu Barry's Tricopherous, feito à base de álcool, óleo de castor e moscas trituradas, foi vendido durante um século

1930
Surge nos Estados Unidos uma série de engenhocas eléctricas destinadas a estimular o couro cabeludo, na esperança de que seu uso regular fizesse nascer cabelo. Várias delas funcionavam como um aspirador de pó, alternando sucção e pressão de ar na cabeça do incauto

1939
Os primeiros transplantes de cabelo foram feitos no Japão. A técnica só chegaria ao Ocidente depois da II Guerra

1980
Invenção das botas gravitacionais. Presas pela sola a uma grade fixada no teto, permitiam que o careca ficasse pendurado como morcego por trinta minutos diários, estimulando a circulação sanguínea na cabeça e, supostamente, a raiz do cabelo

1988
A Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, aprovou pela primeira vez um medicamento contra a calvície, o minoxidil (nome comercial: Regaine), de uso tópico

1995
Prometia-se que a aplicação semanal de raios laser de baixa potência activaria a circulação sanguínea no couro cabeludo, estimulando o crescimento dos fios. Não funcionou, embora o tratamento custasse 7 000 dólares por ano

1998
A FDA aprova o finasterida, o primeiro medicamento para uso interno (nome comercial: Propecia), eficaz em 85% dos casos de calvície em estágio inicial. A substância bloqueia a produção do hormónio diidrotestosterona (DHT), que não tem função prática no organismo mas faz cair o cabelo

1998
A FDA aprova o finasterida, o primeiro medicamento para uso interno (nome comercial: Propecia), eficaz em 85% dos casos de calvície em estágio inicial. A substância bloqueia a produção do hormónio diidrotestosterona (DHT), que não tem função prática no organismo mas faz cair o cabelo

 

 

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