Mente Corpo e Aceitação

 

O ideal de beleza sofreu mudanças ao longo do tempo. O novo paradigma cultural da contemporaneidade consiste no dever moral de ser belo, como condição primordial para ser feliz.
A mulher contemporânea considera que para ser atraente precisa de ter uma determinada forma física, com um corpo bem delineado, magro e com as medidas certas. A aparência física é considerada fundamental para a maioria das mulheres, em detrimento de qualidades como a beleza interior ou a força de caráter.
Ter cuidado com o corpo é fundamental para a saúde e para ter uma vida duradoura. Contudo, quando a preocupação é exagerada pode ser um problema.


Atualmente o culto ao corpo chega a criar nas mulheres uma verdadeira obsessão. A procura de um corpo perfeito faz com que adoeçam emocionalmente, com perda da autoestima, excesso de ansiedade e falta de autoconfiança, que podeconduzir a transtornos do comportamento alimentar. O nome psiquiátrico é transtorno dismórfico corporal. Trata-se de um transtorno que gera a distorção na imagem corporal e também uma mudança severa no regime alimentar, chegando a provocar distúrbios como anorexia, bulimia, ortorexia e vigorexia.
É um conjunto de perturbações que envolvem emoções, atitudes e comportamentos excessivos em tudo o que se refere ao peso corporal e à comida. São perturbações de natureza emocional e física, que podem colocar a vida em risco.


A anorexia é caracterizada por uma perda intensa de peso decorrente de uma dieta alimentar extremamente rígida. A atividade física também é intensa e excessiva. Na bulimia há uma grande preocupação com peso e imagem corporal. Frequentemente há ingestão de uma quantidade excessiva, compulsiva e inadequada de alimentos e, posteriormente, uma busca de métodos compensatórios para não engordar. A orterexia é a obsessão por uma “alimentação saudável” e a vigorexia caracteriza-se pela distorção da imagem corporal, pela prática excessiva de atividade física e uma preocupação obsessiva com o corpo. Pessoas “vigoréxicas” descrevem-se como sendo fracas e pequenas, quando, na verdade, apresentam uma musculatura acima da média.


Os transtornos alimentares podem acontecer em qualquer faixa etária e em ambos os sexos, inclusive com crianças. Entre adolescentes na faixa etária de 14 e 17 anos é mais comum anorexia ou bulimia, também podendo ocorrer mais cedo entre 10 e 13 anos ou mais tarde por volta dos 40 anos e atinge 10 vezes mais as mulheres do que os homens. Na vigorexia, a prevalência é maior em homens entre os 18 e 35 anos.


A procura por um padrão estético ideal também leva muitas mulheres a fazer cirurgias plásticas, muito mais pela busca da beleza socialmente imposta, do que por uma motivação interior.
É preciso ter em conta que somos o produto dos nossos genes e não podemos alterar a constituição de base. Se a aparência física é determinante para o nosso bem-estar, talvez seja preciso avaliar o nosso nível de autoestima.


O diagnóstico dessa problemática não é fácil porque os pacientes tendem a ocultar o seu comportamento e a negá-lo. Devido à sua complexidade, esses transtornos não podem ser resolvidos, simplesmente, mediante a aprendizagem de novas condutas que compensem as inadequadas. A solução passa por encontrar um ponto de equilíbrio entre corpo e mente.


Para um tratamento bem-sucedido é preciso ter consciência do problema e motivação para iniciar um novo estilo de vida.


O tratamento recomendado é um trabalho de equipa multidisciplinar de nutricionista, psiquiatra e psicólogo, onde se privilegie a variante somática ou psicológica, segundo as fases da doença.
É importante reforçar que a maioria das perturbações relacionadas com o corpo pode ser tratada com sucesso. Contudo, o tratamento deve ser encarado numa perspetiva a longo prazo, pois as mudanças são profundas.

É fundamental equacionar fatores como a melhora da autoestima, frustrações, relações pessoais, o alimentar-se corretamente e sem culpa, e aceitar o próprio corpo. A parti daí, estabelecer metas de saúde para além do peso, ter objetivos pessoais e apreciar o que o corpo físico consegue fazer.


Cada organismo é um conjunto de corpo e mente, e a aparência representa apenas uma parte, e não um todo do valor da pessoa. Através da autoaceitação e segurança constrói-se o corpo e a identidade.

Praticar Aceitação


Reconheça o seu próprio valor: o valor está naquilo que a pessoa é.


Respeite a sua individualidade: cada pessoa é um ser único, com características e subjetividade próprias.


Desenvolva maturidade emocional: entenda que o amor-próprio é importante e a autoaceitação traz um sentimento de completude, plenitude e paz.


Aceite os seus defeitos: pense no defeito como uma característica com potencial de melhoria.


Admita os seus erros: errar é humano, veja o erro como um aprendizado.

Mude o que for possível mudar: a mudança e a possibilidade de mudar está em nós.


Seja autêntica, natural, espontânea: seja você próprio sempre.


Pratique o autoconhecimento: para ter uma vida mais saudável e equilibrada.


A célebre frase: “mens sana in corpore sano” (mente sã em corpo são), ilustra a necessidade de corpo e mente estarem em completa sintonia para uma vida saudável.

 

Mariagrazia Marini Luwisch


 


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