Medo das crianças

 


O medo das crianças pode assustar também os adultos, mas é tarefa dos pais ajudar a lidar com esses temores que florescem nos primeiros anos de vida.


O medo faz parte da natureza humana. É um estado emocional importante que activa os sinais de alerta do corpo diante dos perigos nas situações quotidianas e representa uma etapa do amadurecimento afectivo do bebé e da criança.


O medo permite decidir se devemos enfrentar ou fugir de uma ameaça, a partir de um cálculo veloz que é feito na área do cérebro responsável pelos comportamentos primitivos, associados à sobrevivência. A região do cérebro que activa o medo é o córtex pré-frontal. A mesma região é associada com os analgésicos naturais, produzidos pelo corpo para reagir ao pânico.


Diante do medo das crianças, alguns pais censuram seus filhos, outros se tornam super protectores, outros ainda as subestimam e actuam, frequentemente, através de comportamentos inadequados.


Os adultos além de sentirem ansiedade por protecção e pelo bem-estar das crianças, ficam apreensivos quando esses medos tocam nos próprios núcleos psíquicos profundos ou em memórias dolorosas. Encontrar o caminho certo para ajudar as crianças a lidar com eles é simples, basta seguir algumas regras e lembrar que são um factor importante para a maturidade e o desenvolvimento psicológico da personalidade.


Medos saudáveis são aqueles que não devem preocupar os pais:


Medos clássicos: referem-se aos estereótipos tradicionais (medo do escuro, do lobo mau, do homem feio, da bruxa,...) que fazem parte das fases normais do desenvolvimento  psicológico de todas as crianças.


Medos passageiros: a sua presença se faz sentir em movimentos específicos, também de maneira intensa, mas não tem grande influencia na vida da criança, sendo que o ritmo e as actividades normais da criança são mantidos.


Medos mutáveis: são os que se modificam no tempo mudando de sujeito com o avançar da idade da criança.


Medos administráveis: A segurança ou somente a presença de uma figura de referência consegue tirar o medo e levar rapidamente a criança à tranquilidade.


Há medos mais fortes que necessitam de maior atenção. Quando os medos são muito invasivos, podem ser um sinal que a criança está vivendo uma perturbação anormal e que não pode ser subestimada:


Medos que aterrorizam: a criança se agita só com a ideia de ter que enfrentar a situação de risco. Dá a sensação de se sentir paralisada pelo perigo.


Medos que seguem a traumas: são os que se manifestam numa situação específica que a criança relaciona com uma experiência passada (por ex. um lugar fechado, após ter ficado bloqueada num elevador).


Medos invasores: condicionam a vida da criança e a dos pais e ainda impedem algumas actividades fundamentais.


Medos permanentes: são os medos que não se modificam com o tempo e permanecem mesmo após o desenvolvimento da criança e resultam fora do tempo e fora do lugar. (por ex. o medo de um boneco aos 8 anos).


Dicas para ajudar os pais diante do medo das crianças:

  • Não tratar as crianças como medrosas e nem deixar que se sintam culpadas para não se obter o efeito contrário;
  • Deixar que se expressem, falem e perguntem sobre os sentimentos e as fantasias que os perturbam com carinho e sem forçar; conseguir falar sobre os medos reduz a tensão e ajuda a enfrentar o problema;
  • Estar presente quando se manifesta o medo de uma maneira calma e tranquila, tem um efeito tranquilizador imediato;
  • Mostrar serenidade e evitar mostrar ansiedade e nem calma excessiva para que não assimilem sentimentos inadequados em relação ao medo;
  • Evitar comparações, cada criança tem o seu tempo e deve ser respeitado; por trás de um medo pode estar um talento ou uma coragem fora do comum;
  • Nunca dizer: “enfrenta o medo, tens que ser corajoso!”, empurrar a criança diante do medo, poderá transformar o medo em terror e piorar ainda mais o problema.


Medos comuns:


De 0 a 6 meses:
perda do amparo/ barulhos intensos/luzes intensas


De 7 a 12 meses:
separação dos pais/ pessoas estranhas / imprevistos / objetos vagos/


2 anos:
separação dos pais/ ser abandonada pelos pais/ barulhos / animais / locais estranhos


3 e 4 anos:
separação dos pais/ máscaras / escuro / animais /


5 anos:
separação dos pais / animais / pessoas más: ladrões / dano físico


6 anos
: separação dos pais/ seres sobrenaturais – monstros - bruxas / trovoadas / dormir ou ficar sozinho / escuro


7 e 8 anos:
seres sobrenaturais / escuro / ficar só / filmes, notícias, informações transmitidas pelos media / ofensas corporais


9 aos 12 anos:
medos relacionados com a escola: exames, professores, reprovações / aparência física: acne, gordura / trovoada, relâmpagos e tremores de terra / morte / conflitos entre os pais


Concluindo: A falta de medo expõe a criança ao risco e o excesso faz com que ela bloqueie. O ideal é ajudar a criança a identificar os medos perigosos dos não perigosos. Na prática, o que se espera é que a criança aprenda a dominar seus temores e não ser dominado por eles, assim como acontece com os adultos. É bom lembrar que muitos dos medos são aprendidos, por isso, os pais devem ser um bom modelo na educação dos seus filhos.


 

 

 


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