Gratidão, Pensamento Positivo
Doenças Psicossomáticas
O Poder da gratidão
A gratidão é mais que um sentimento: é uma atitude perante a vida. É benéfica e, com a prática, resulta em recompensas ao nível da saúde.
Estar grato pelas pequenas coisas da vida pode causar grandes mudanças, inclusive cerebrais. Segundo um artigo publicado no jornal científico NeuroImage, após poucos meses a exercitar gratidão através da escrita - por exemplo anotar três coisas de positivo durante o dia - o cérebro passa a sentir-se condicionado a ser grato.
O efeito de "exercitar a gratidão" é duradouro. É compar
ável com o exercitar de um músculo: quanto mais se pratica a gratidão, mais se estará a senti-la espontaneamente.
Sempre que agradecemos acontecimentos, gestos, palavras ou detalhes do quotidiano, o cérebro reage, aumentando o nível de dopamina, neurotransmissor responsável, entre outras funções, pela sensação de bem-estar, humor e prazer. Por consequência, quanto maior a libertação de dopamina, mais satisfeitos e felizes nos sentimos, o que interfere na forma como conduzimos as nossas relações e atitudes, tornando-nos mais agradáveis, extrovertidos e abertos a novas experiências na vida.
O que promove a gratidão?
•Mais resiliência que é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos, resistir à pressão de situações adversas;
•Favorece novos relacionamentos;
• Melhora a saúde física e mental;
•Melhora a auto-estima;
•Aumenta a empatia e reduz a agressividade;
•Aumenta o equilíbrio mental;
•Pessoas gratas dormem melhor;
Estar grato exerce um grande poder de cura, que predispõe à boa disposição e diminui estados de ansiedade, depressão, distúrbios do sono e dores físicas psicossomáticas.
Expressar gratidão liberta a mente de inúmeras tensões da vida moderna e é uma força poderosa no bem-estar geral. “As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo”, já dizia o filósofo grego Epicuro.
O Poder do pensamento positivo
O pensamento positivo é uma estratégia de controlo das emoções no sentido de diminuição do medo e ansiedade, vividos pelo individuo diante de determinada situação.
Pesquisas atuais revelam que o pensamento positivo ajuda a combater o stress e promove efeitos positivos na promoção da saúde.
Estudos publicados na revista de Medicina Psicossomática sugerem que os benefícios do pensamento positivo acontecem independente de danos causados por stress ou pessimismo. Pensar que tudo ficará bem, acreditar que as coisas vão melhorar promove um impacto direto na saúde. Mulheres que, diante da doença, manifestam vontade de lutar têm mais hipóteses de cura do que aquelas que recusam e ignoram a doença.
Outro estudo dinamarquês revela que ter uma atitude positiva contribui para reduzir em 42% o risco de mortalidade em pacientes com cardiopatia isquémica.
Pode treinar-se a capacidade de pensar positivamente através de exercícios. Pequenas doses de pensamentos positivos conquistados, por exemplo, durante a leitura de um bom livro ou em atividades lúdicas, ajudam a melhorar a autoimagem e a autoestima.
Perante uma situação de impasse, a pessoa pode fugir ou atacar a situação, o que depende do próprio funcionamento. A presença do sonho e do afeto ajudam a resolver situações difíceis e mantêm a confiança nas próprias capacidades internas.
Mudanças que transformem o negativismo, a mágoa e a dor em emoções positivas, conduzem a mudanças profundas com benefícios inclusive na saúde. Estar positivo e ativo ajuda a viver melhor e a manter o corpo e a mente eficientes por muito mais tempo. Ter objetivos, uma relação interessante com o mundo e com as pessoas, isso serve como um fator extra de proteção.
Cura de doenças psicossomáticas
Doenças psicossomáticas estão relacionadas com emoções, sentimentos e pensamentos, que se manifestam no corpo, através de dores e doenças físicas. Surgem em consequência de processos psicológicos e mentais do sujeito.
A palavra “psicossomática”, como o nome indica, psico (mente) e soma (corpo), trata do “poder da mente” sob o corpo.
A célebre frase latina “mens sana in corpore sano” (mente sã em corpo são), ilustra o facto do corpo e a mente serem duas partes separadas, mas em contínua influência recíproca.
Na doença psicossomática, o corpo adoece, porque a mente está doente. Forma-se perante o silenciar de uma história dolorosamente sentida que a pessoa não consegue expressar. A incapacidade de fazer a leitura dos afetos e emoções dispõe para o somático. O corpo conta a história que a mente não sabe contar, não sabe expressar ou não consegue elaborar. Quando pensamentos e sentimentos tomam a forma física, expressando-se no corpo através da doença, estamos perante a doença psicossomática que é real, existe, não é imaginada e têm base orgânica.
O sistema imunitário é modulado pelo sistema nervoso. Por isso, em determinadas doenças é mais evidente a componente psicossomática, como nas doenças imunitárias ou alérgicas. A asma, por exemplo, pode ser agravada ou provocada por fatores psicológicos.
As patologias que mais frequentemente têm uma vertente psicossomática são: as úlceras, tuberculose, hipertensão ou enfarte. No cancro, a vertente psicossomática ainda é muito discutida e a influência da mente ainda é um assunto muito controverso
Cada paciente psicossomático vive uma história de interações, encontros e acontecimentos em que as doenças orgânicas ou mentais resultam de desequilíbrios existenciais e de soluções inadequadas de vida.
O psicanalista Coimbra de Mato aponta estados como a zanga contida, o sonho falhado, o ressentimento com pouca consciência e a depressão falhada como os principais fatores que podem desencadear perturbações psicossomáticas. Emoções que a pessoa não percebe, não resolve e que se tornam crónicas, causando efeitos orgânicos.
Depois de formada a doença, conforme a sua gravidade, poderá ser penoso reverter o processo, mas uma mudança de atitude pode ser de grande ajuda. Assim como a mente pode provocar doenças, em muitos casos, também pode ajudar na cura.
Estudiosos na área da psicossomática apontam que a defesa do sistema imunitário de uma pessoa grata e otimista é mais eficiente. Praticar a gratidão e cultivar pensamentos positivos são atitudes que favorecem a promoção da saúde.
No tratamento de doenças psicossomáticas, a prática da gratidão e pensamentos positivos são coadjuvantes importantes e poderosos no processo de cura. Uma postura otimista em relação à vida tem influência sobre a saúde mental e física. É importante esclarecer que o processo de cura é muito mais complexo do que se imagina e que apesar de ser uma enfermidade emocional, o paciente precisará tratamento médico e psicológico.
Com gratidão e otimismo a saúde será beneficiada e a harmonia entre o corpo e a mente resultará numa melhor qualidade de vida.
Mariagrazia Marini Luwisch