Depressão
Depressão
é um termo que vem do latim de (baixar) e premere (pressionar),
isto é, deprimere, que literalmente significa "pressão
baixa".
É
relativamente recente, tendo sido introduzido no debate sobre a melancolia
em contextos médicos somente no século XVIII, passando a
ser mais utilizado pelos psicopatologistas no século XIX.
A Depressão
é um Transtorno Afectivo (ou do Humor), caracterizado por uma alteração
psíquica e orgânica global, com consequentes alterações
na maneira de valorizar a realidade e a vida.
O Afecto
é a parte de nosso psiquismo responsável pela maneira de
sentir e perceber a realidade.
A Depressão
é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes.
Uma em cada quatro mulheres e um em cada dez homens, podem vir a ter crises
depressivas durante a vida desde a juventude até à terceira
idade.
É
uma perturbação do humor que não deve ser confundida
com sentimentos de tristeza que geralmente são reactivos a acontecimentos
da vida que passam com o tempo e não impedem a pessoa de viver
normalmente.
Nas pessoas
deprimidas há uma diminuição da vitalidade.
A criança
também pode ser afectada.
Nas crianças,
os sintomas da depressão se manifestam de forma diferente. Normalmente
há mais queixas físicas do que psíquicas, havendo
diferenças entre meninos e meninas.
Geralmente
eles ficam mais agressivos, apresentam problemas de conduta na escola.
Elas ficam apáticas e se isolam.
Como as
crianças têm dificuldade de expressar o que sentem, os sintomas
psicossomáticos podem ajudar os pais a identificar a doença.
Sintomas
em Adultos
•
Sentimentos de tristeza, vazio e aborrecimento;
• Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação;
• Sensações de insegurança e medos, preocupação
com tudo, receios infundados;
• Diminuição da energia, fadiga e lentidão;
• Perda de interesse e prazer nas actividades diárias;
• Perturbação do apetite, do sono, do desejo sexual
e variações significativas do peso;
• Pessimismo e perda de esperança;
• Sentimento de culpa, de auto-desvalorização, que
podem atingir uma dimensão delirante;
• Alterações da concentração, memória
e raciocínio;
• Sintomas físicos não devidos a outra doença
(ex. dores de cabeça, perturbações digestivas, dor
crónica, mal-estar geral);
• Ideias de morte e tentativas de suicídio.
Sintomas
em crianças
•
Agitação, inibição psicomotora (3 a 6 anos);
• Irritabilidade, insegurança, sentimento de culpa, comportamento
arredio, problemas de aprendizagem (7 a 10 anos);
• Sentimentos de inferioridade, abatimento, introspecção,
impulsos suicidas (11 a 14 anos);
• Choro sem razão aparente, alteração do sono,
falta de apetite;
• Terror nocturno (pesadelos), insónia, manipulação
genital, dores abdominais;
• Cefaleia (dor de cabeça);
A tristeza
é um dos vários sintomas da depressão, mas estar
triste não é sinónimo de estar deprimido.
"Estar mais em baixo" não é uma doença,
mas um sentimento normal em situações de perda, luto, frustração
e insucesso.
É importante não confundir depressão com stress.
Uma diferença importante é que o stress pode ser eliminado
com actividades relaxantes, enquanto na depressão elas não
são suficientes.
Diferenças
entre Depressão, Tristeza e Stress
Depressão
•
É uma doença com vários graus de complexidade, que
precisa ser tratada com profissionais especializados;
• Tem sintomas constantes e diferenciados;
• Provoca dificuldades para desenvolver tarefas quotidianas;
• É difícil identificar o motivo do desânimo
e da tristeza;
Tristeza
•
Não é uma doença e tende a desaparecer espontaneamente,
com o passar do tempo;
• É um estado emocional transitório;
• Não interfere na rotina da pessoa;
• Tem causas facilmente identificadas, como uma desilusão
amorosa ou a perda de um ente querido;
Stress
•
Pode levar à depressão, se prolongado;
• Pode aumentar com pressões do dia-a-dia, como excesso de
trabalho, problemas familiares e problemas financeiros;
Tipos
de depressão
Depressão
Maior ou Unipolar:É a depressão mais séria
em números e gravidade de sintomas Caracteriza-se por uma combinação
de sintomas que interferem na capacidade de trabalhar, dormir, alimentar-se
e aproveitar de actividades anteriormente consideradas agradáveis
pela pessoa. Estes episódios depressivos incapacitantes podem ocorrer
uma, duas ou várias vezes durante a vida.
Depressão
Menor, ou Distimia: É um tipo menos grave de depressão
que envolve sintomas crónicos e prolongados, não tão
incapacitantes, mas impedem a plena capacidade de acção
ou que a pessoa se sinta bem. Às vezes, pessoas com distimia apresentam,
também, episódios de depressão maior.
Depressão
Bipolar: antigamente denominada doença maníaco-depressiva.
Não é tão frequente quanto as outras formas de doenças
depressivas. Caracteriza-se por ciclos de depressão e euforia ou
mania. É uma depressão moderada mas que persiste por 2 anos
ou mais. Como os sintomas não são tão intensos quanto
na depressão maior, torna-se mais duradoura e persistente ao tratamento.Estas
oscilações de humor, em geral, ocorrem gradualmente, porém,
às vezes, são abruptas e acentuadas.
Tanto no
ciclo depressivo quanto no ciclo maníaco, a pessoa pode apresentar
alguns ou todos os sintomas correspondentes a cada um desses ciclos, relacionados
no tópico seguinte. A mania, em geral, afecta o pensamento, o julgamento
(senso crítico) e o comportamento social, causando graves problemas
e constrangimentos. Por exemplo, uma pessoa em fase de mania pode tomar
decisões profissionais ou financeiras insensatas. A depressão
bipolar frequentemente é uma condição crónica
recorrente (ocorre repetidamente).
Quanto à
origem a depressão pode ser:
Depressão
Endógena ou Melancólica, Biológica ou Constitucional
ou Psicótica: é a depressão mais grave e
tem provavelmente uma origem somática, é resultante de factores
constitucionais, internos, de origem biológica e de predisposição
hereditária. Este tipo de Depressão tem uma causa fundamentalmente
biológica e não existe relação palpável
com a história de vida da pessoa, não há motivos
vivênciais para estar triste ou melancólico, nem se percebem
causas externas.
Na Depressão
Psicótica há uma separação da realidade e
podem existir alucinações, ilusões e/ou esquizofrenia.
Depressão
Exógena ou Depressão Reactiva ou Situacional (Neurótica,
Reacção Depressiva): é causada fundamentalmente por
factores ambientais externos e se produz como reacção ou
resposta a um evento traumático, como por exemplo, o stress, circunstâncias
adversas profissionais, familiares, de perda, ruptura, etc. Na Depressão
Neurótica os sintomas interferem nas actividades biológicas
e sociais normais.
Subtipos
de depressão
Depressão
Sazonal:
Relacionada à luminosidade diurna, com episódios que se
repetem no outono/inverno e sintomas atípicos. Mais frequente em
países com inverno rigoroso, melhora com fototerapia (exposição
diária prolongada a luz forte).
Depressão
Anaclítica: é uma depressão infantil precoce
que representa um severo prejuízo no desenvolvimento físico
e psíquico das crianças vítimas de abandono e ou
negligência. Esse tipo de depressão foi descrita pela primeira
vez por Spitz e posteriormente por Winnicot que chega a dizer " Sem
ter alguém dedicado especificamente às suas necessidades,
o bebé não consegue estabelecer uma relação
eficiente com o mundo externo. Sem alguém para dar-lhe a gratificação
instintivas e satisfatórias, o bebé não consegue
descobrir seu próprio corpo nem desenvolver uma personalidade integrada."
Depressão
Senil: é um estado com humor depressivo e tristeza acompanhados
ou não de agitação que pode estar presente nos idosos.
Depressão
pós-parto ou Psicose Puerperal: é um quadro delirante, frequentemente
alucinatório, grave e agudo que aparece a partir do segundo dia
há 3 meses depois do parto. É um tipo de Transtorno do Humor,
iniciada ou precipitada pelo puerpério.
Causas
da depressão
A causa
exacta da depressão permanece desconhecida. A explicação
mais correcta provavelmente é o desequilíbrio bioquímico
dos neurónios responsáveis pelo controle do estado de humor.
Existe uma predisposição hereditária para alguns
tipos de depressão, embora não se conheçam ainda
as formas precisas dessa transmissão.
Os acontecimentos
traumáticos da vida contribuem também para o aparecimento
da depressão. Problemas familiares, o stress diário, a morte
de alguém próximo, as doenças, uma crise financeira,
conflitos prolongados, podem funcionar como desencadeantes ou facilitadores
de episódios depressivos.
O tipo de
personalidade e o estilo de vida do indivíduo, podem também
correlacionar-se com uma maior predisposição para crises
depressivas.
A depressão
teria uma origem bio-psico-social ou seja biológica, psicológica
e social.
Essa posição
conciliatória satisfaz os pesquisadores mais organicistas, para
os quais tudo o que sentimos não ultrapassa a esfera dos neurotransmissores
e neuroreceptores, satisfaz também antropólogos e sociólogos
que consideram a doença de natureza sócio-cultural e aos
psicólogos ao falarem de complexos, traumas e frustrações.
A imagem
pessoal e a auto-estima estão diminuídas pela doença
e podem agravar-se ainda mais, devido a injusta apreciação
das dificuldades impostas pela depressão.
A possibilidade
do suicídio deve estar presente na mente de quem se relaciona com
pessoas muito deprimidas, devendo o recurso ao médico ser incentivado,
de modo a que se possa iniciar um tratamento adequado, o que contribui
decisivamente para atenuar aquele risco.
Tratamento:
incluem os anti depressivos e as psicoterapias
Psicoterapias
Enquanto
a farmacopeia actua sobre as consequências da depressão,
a psicoterapia tenta elucidar as causas cognitivas.
•
Terapia analítica ou psicanalítica
Com objectivo de superar dificuldades e bloqueios que levam a depressão,
um espaço favorável ao crescimento pessoal e ao conhecimento
de si próprio.
•
Terapêutica comportamental
Tem por objectivo colocar em evidência hábitos, comportamentos
e pensamentos que possam favorecer o aparecimento de sintomas depressivos
e procura convencer o deprimido a modificar o decurso dos acontecimentos,
de forma a superar as suas próprias dificuldades.
•
Terapia cognitiva
Ajuda a examinar os pensamentos e a visão da realidade e tem por
objectivo modificar os pensamentos pessimistas. Procura ensinar o paciente
a identificar eventuais visões distorcidas da realidade, a modificar
crenças sobre si e sobre outros, aprender a mudar de postura e
a ser mais proactivo na resolução de problemas.
•
Terapêutica interpessoal
Enquadra a modalidade de relação com os outros. É
uma terapia de grupo que ajuda os doentes a compreenderem que não
estão sós e que se podem ajudar mutuamente, encorajando-se
entre si e discutindo os seus próprios problemas.
Os antidepressivos
actualmente mais usados são: para os homens os mais antigos como
Anafranil (Clomipramine) e para a s mulheres Prozac (fluoxetina) ou Zoloft.(
Sertraline)
Dicas
para ajudar a cura
•
Viva a depressão sem tentar afastá-la
• Procure relaxar, meditar ou rezar
• Faça exercício físico diário
• Procure ter um sono ideal
• Evite actividades excitantes
• Exposição à luz solar do início da
manhã ou final da tarde
• Busca de actividades profissionais, desportivas, encontros e reuniões
que constituem momentos de prazer
• Investir em lazer nos finais de semana, férias, etc. saindo
da rotina casa , trabalho
• Procure um estilo de vida saudável alimentação,
etc.
Sinais
de cura
•
Apto a viver a solidão
• Pronto a arriscar
• Não há procura de apoios ou garantias e há
espaço para a vontade própria
• Aceitação de imprevistos
• Mudança na relação com a alimentação
Conclusão
Na sociedade
contemporânea a depressão é vista como uma doença
de crescimento exponencial, como uma espécie de epidemia que encontra
sua raiz em um modelo de vida inadequado para enfrentar uma realidade
em mudança constante.
A depressão se manifesta como uma “presença”,
uma crise acompanhada de tristeza que indica a necessidade de mudança
de direcção.
Se a acolhemos
como um “tesouro” pode fazer florescer uma “segunda
vida” que nos auxilia a cortar os laços com ambientes e pessoas
que actualmente não nos dão bem-estar.
Ela surge para nos dizer algo, para avisar que nos quer salvar no sentido
que algo não está bem na nossa vida e que necessita ser
recriado.
Reinventar-se
a cada dia, ter um gesto de aventura, ser espontâneo e autêntico é o caminho para a cura.
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